A difícil, cara e longuíssima produção de “Mad Max: Estrada da Fúria” (Mad Max: Fury Road – 2015) fez com que muitos questionassem o motivo de George Miller insistir em tirar o quarto episódio de sua saga pós-destruição nuclear do papel. Seria realmente necessário retomar uma franquia cujo último episódio foi lançado há 30 anos? Após conferir o resultado, a única resposta possível é um retumbante SIM.
A inegável influência cultural e estética dos filmes originais garantiu à Mad Max um lugar especial junto aos clássicos “cult” de sua época. Mas diferentemente da maioria de seus pares, a franquia conseguiu justificar a existência desse novo episódio – ou vai me dizer que alguém aqui concorda com as desnecessárias continuações de Exterminador do Futuro, com os tenebrosos prequels de Star Wars ou, pior, com o temido “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”?
A distopia de Miller, que nos leva para um mundo que guerreia por água e gasolina, continua rendendo boas histórias. O conhecimento prévio da trilogia original é interessante, mas não é indispensável, já que o filme cumpre muito bem seu papel sozinho e pode ser apreciado por todos que o assistirem. O longa é a perfeita fusão entre a extravagância oitentista com efeitos especiais só possíveis com a tecnologia de hoje.
Toda a ótima ação, que conta com uma edição impecável, não soa gratuita graças ao roteiro bem estruturado e, por falar em ação, a violência do filme não é gráfica a ponto de espantar os corações mais frágeis, ao mesmo tempo em que consegue ser criativa o suficiente para agradar aos fãs mais exigentes do gênero. E como se tudo isso não bastasse, a fotografia, trilha sonora e atuações do filme são excelentes.
O elenco de personagens é repleto de figuras exóticas que são devidamente aproveitadas em cena, o que se revelou uma boa opção do diretor, já que é uma grande injustiça ainda rotular esse novo Max como louco, considerando que ele é a pessoa menos interessante por ali – inevitável pensar se não teria sido melhor mesmo realizar o filme com Mel Gibson no papel título.
O destaque vai para Charlize Theron que, com sua magnífica Imperatriz Furiosa, será imortalizada no imaginário pop como uma das grandes heroínas da ficção científica, ao lado das inesquecíveis Sarah Connor e Ellen Ripley. Mad Max 4 é diversão de primeira linha e é daqueles filmes que merecem (e precisam) ser vistos no cinema ao lado dos amigos.