“A Incrível História de Adaline” (The Age of Adaline – 2015) é daqueles filmes que chegam em um pacote lindo… mas sem nada dentro. A parte técnica do filme, no que diz respeito à fotografia, figurinos e trilha sonora cria um espetáculo muito bonito, mas está fadada a embalar um roteiro que fracassa.
O filme conta a história de Adaline (interpretada sem muito brilho por Blake Lively), uma mulher que, em determinado momento de sua vida, para de envelhecer e se vê obrigada a testemunhar as mudanças nas pessoas e no mundo enquanto ela permanece a mesma. A premissa é bastante interessante, mas em vez de o roteiro se entregar à sua natureza fantástica, o filme cometeu o grave erro de tentar explicar o inexplicável.
Se nada foi dito sobre como “Edward Mãos de Tesoura” conseguiu de fato ganhar vida ou porque “Benjamin Button” nasceu velho, o maior problema de Adaline foi tentar usar um vocabulário científico mambo jambo e inapropriado para tentar conceituar uma fábula.
O plot também não é dos melhores e é apoiado num romance que soa aleatório e artificial, ainda mais se levarmos em conta que Adaline não é mais nenhuma garotinha. E como se não bastasse a falta de carisma do casal principal, o arco final do filme que, por sinal, é sua melhor parte, suspende de vez a frágil crença de que aquele era o “grande amor” da protagonista ao apresentar um passado que soa muito mais plausível e intenso.
O destaque fica por conta da breve aparição de Harrison Ford, que continua esbanjando carisma. Dessa vez Mr. Ford foge de seus habituais papeis de “cinquentão eterno” e aparece com um personagem na sua idade, casado há 40 anos, pai de filhos adultos e com vivência o suficiente a ponto de lhe dar vantagem em perguntas obscuras de trivia (tudo isso sem nunca perder o charme).